1º de Maio: Dia do Trabalhador
O Núcleo de Práticas em Psicologia Organizacional e do Trabalho não poderia deixar de mencionar a celebração internacional do dia do trabalhador, neste primeiro de maio de 2020, mesmo em meio a uma suspensão das atividades laborais pelo mundo afora em decorrência da Pandemia que vivemos hoje.
Então, gostaríamos de resgatar um pouco a história desta comemoração, trazendo, especialmente, os motivos que deram origem a este marco. Nesta retomada histórica, observamos que o surgimento do primeiro de maio está ligado aos movimentos grevistas ocorridos nos Estados Unidos, no século XIX. Em 1886, os sindicatos operários convocaram uma greve geral, após anos reivindicando redução de trabalho para oito horas diárias sem redução de salário. A greve paralisou cerca de duzentos mil trabalhadores. Neste mesmo mês, milhares de trabalhadores, ainda em greve, se reuniram em frente à fábrica McCornick, em Chicago (EUA),momento em que houve um confronto com a polícia, deixando um saldo de mortos, feridos e presos. O movimento se estendeu ao restante do mês de maio, havendo mais mortes e violência, bem como posterior prisão e condenação dos líderes deste movimento. Nos Estados Unidos a instauração legal da jornada obrigatória de oito horas teve que esperar até 1935, sob a presidência de Franklin D. Roosevelt. (SANTANA E FRAGA, 2019)
Para homenagearem os mártires de Chicago (EUA) e por todo o significado que este dia representou na luta dos trabalhadores em busca de seus direitos, o dia 1º de maio foi instituído o “Dia Mundial do Trabalhador”.
Atualmente, é interessante observarmos que os EUA e o Canadá não comemoram o dia 1º de maio como o Dia do Trabalho, mas, sim, como o Dia da Lei (Law Day). Esta comemoração foi decretada pelo presidente Eisenhower em 1958, sendo um produto típico da guerra fria, mesmo não havendo um reconhecimento de ilegalidade dos processos dos mártires de Chicago (EUA). Nestes países, os trabalhadores comemoram o seu dia na primeira segunda-feira de setembro (Labour Day). (WERNER, 2005)
Por sua vez, países como Portugal, Rússia, Espanha, França e Japão também consideram o Dia do Trabalhador como um dia de folga e comemoração.
No Brasil, a data é comemorada desde o ano de 1895, afirma Ramos (2019), mas foi somente em 26 de setembro de 1924 que ela se tornou oficial, através do Decreto nº 4.859 do então presidente da República, Arthur da Silva Bernardes. Este dia se tornou feriado nacional, destinado à comemoração dos mártires do trabalho e confraternização das classes operárias. Nas décadas de 1930 e 1940, o presidente Getúlio Vargas instituiu importantes leis e benefícios trabalhistas nesta data e é devido a este fato que o primeiro de maio passou a ser chamado de “Dia do Trabalhador”, deixando de lado o caráter de protesto para ter um viés mais comemorativo.
Para alguns profissionais, um 1º de maio que será muito diferente da dita “normalidade”:
É preciso registrarmos que neste momento atual, muitos profissionais estão trabalhando na linha de frente, como estamos acostumados a ouvir diariamente nos meios de comunicação. São eles: trabalhadores da limpeza, entregadores, motoristas, atendentes nas farmácias, trabalhadores dos supermercados, policiais, bombeiros, dentre tantos outros. E lidando bem de perto com a pandemia, temos os profissionais da área da saúde. Esses, possuem em suas mãos um desafio muito maior este ano, no dia do trabalhador, estando à frente no combate a este novo vírus COVID-19 que acomete o mundo todo e que tem feito inúmeras vítimas.
Desde a sua descoberta, a população tem contado com o incansável trabalho destes profissionais, que estão sendo considerados verdadeiros heróis de guerra, “armados” com seus jalecos e máscaras, lutando contra uma doença com a qual também não estão imunes. Os riscos são inúmeros e vão desde ambientes hospitalares superlotados à falta de equipamentos de proteção (EPIs).
Se considerarmos a contribuição que a cooperação pode dar no registro individual e no registro social, poderemos compreender por que é possível constituir-se uma solidariedade fundamental entre a experiência subjetiva que se procura e a implicação coletiva na vontade de dar uma contribuição às condições éticas do viver junto. (DEJOURS, 2004)
O NPOT parabeniza a todos os trabalhadores e trabalhadoras, que engajados em atribuir sentido à vida, se sustentam, em vários aspectos, numa prática laboral que pode trazer diversos desafios a serem enfrentados, mas que também trazem uma importante perspectiva que vai ao encontro de uma vida boa.
Nestes momentos atuais, com grandes e significativas mudanças na prática profissional, possamos perceber, além dos desafios a serem superados, uma certeza de grande aprendizado e experiência que nos deixarão mais fortes e convictos da importância do trabalho em nossas vidas e do quanto somos capazes de superarmos as dificuldades.
Aldrei Gomes, Jaqueline Faria, Margela Porto, estudantes de Psicologia e estagiárias do NPOT 2020/1
FONTES:
DEJOURS, Christophe. Subjetividade, trabalho e ação. Prod., São Paulo , v. 14, n. 3, Dec. 2004. Disponível em < https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-65132004000300004 > Acesso em 30 de abril de 2020.
SANTANA, Marco Aurélio; FRAGA, Alexandre Barbosa. 2019. Primeiro de Maio – trajetória, dimensões e sentidos. Laboreal [Online], Volume 15 Nº1 | 2019, posto online no dia 01 julho 2019, consultado 29 abril 2020. URL: http://journals.openedition.org/laboreal/1597.
WERNER, Antonio Frederico. 2005. Passado e Presente do Dia 1º de Maio. Disponível em < http://www.anamt.org.br/site/upload_arquivos/revista_brasileira_de_medicina_do_trabalho_-_volume_3_201220131514337055475.pdf>. Acesso em 29 de abril de 2020
Belos texto e homenagem!
Parabéns pelo texto que faz um resgate histórico de uma data importante, mostrando sua “humanidade” , resgatando o valor do Trabalho e projetando os desafios que se apresentarão às sociedades. Muito bom.